sexta-feira, 5 de abril de 2013

Poligolota #0

Explicação:

Aos doze deixei a escola para ir "ganhar dinheiro", após dois anos de francês na Tele-escola. Aprendi o básico apesar de não dizer uma frase seguida da  minha autoria. A pronúncia sempre muito gabada pela professora.
Aos dezassete achei por bem voltar à escola, de noite, já que sem estudos trabalhava muito e ganhava pouco.
Tive mais três anos de francês, onde continuava sem dizer uma frase completa de minha autoria, pronúncia continuou a ser gabada. entretanto via muita televisão, achei que percebia "muito" de inglês.
Aos vinte e três entrei na faculdade, numa residência universitária e descobri que noventa por cento dos manuais do meu curso eram em inglês... Tentei lê-los com um dicionário de tradução, não era capaz. Tentei lê-los em voz alta, não sabia ler os sons em inglês, lixei-me. Então arranjei uma amiga, daquelas de infância, que só se encontram aos vinte e quatro anos, ela lia em voz alta o manual, enquanto eu olhava desesperada para as letras e começava a associar os sons.

Eu gostava de falar, eu gosto de falar, pronto, eu gosto muito de falar, para falar com todos os colegas da residência comecei a praticar o meu francês e o meu inglês, ah, e o meu espanhol, e o meu italiano...
Só na minha primeira entrevista de emprego a sério, para um trabalho limpo, pelos vinte e quatro anos, é que disse: Bem, sabe eu não falo assim tão bem inglês. Depois de ter sido corrida imediatamente com a informação que não servia para as funções, passei a responder, em todas as entrevistas que fui, que falava bem inglês.

Agora imaginem as situações em que eu finjo pretendo falar estrangeiro, nem imaginam as situações constrangedoras hilariantes parvas em que me vejo envolvida.

Sem qualquer coerência histórico-temporal:

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